Problemas ou transtornos de ansiedade são mais comuns do que se imagina. De acordo com pesquisas, ¼ da população mundial tem, já teve ou terá algum tipo de transtorno de ansiedade. Exemplos desses problemas comportamentais são a Síndrome do Pânico, fobia social e o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). No caso deste último, apesar de muitas vezes parecer comum e de pouca importância, os tiques e manias característicos da condição podem comprometer profundamente a qualidade de vida de uma pessoa.
O TOC consiste no pensamento constante e obsessivo, que leva um indivíduo a manter comportamentos considerados fora do comum em comparação às demais pessoas. O controle sobre os pensamentos – por mais irracionais que possam ser – é praticamente impossível, e os rituais construídos para aliviar a crise de ansiedade trazida pelos pensamentos são inevitáveis.
Os jovens representam grande parte dos afetados pelo TOC. Pesquisas apontam que um em cada 100 apresentam sintomas. É o caso do estudante Rafael Dantas, 19 anos, diagnosticado com TOC aos 15 anos. “É um sentimento muito ruim, eu tenho a impressão de que se eu não fizer as minhas manias algo horrível pode acontecer”, explica. Ele apresenta mais de um sintoma, mas o principal é o de lavar as mãos constantemente. “Eu comecei a lavá-las o tempo todo por volta dos meus 12 anos, primeiro eu achava que era só higiene depois eu vi que aquilo não era normal. Cheguei a criar feridas e queimaduras nas mãos de tanto lavá-las”, confessa.
Os motivos que levam uma pessoa a adquirir determinadas manias é um mistério, inclusive para o próprio portador do distúrbio. De acordo com o psicólogo e terapeuta comportamental Fábio Caló existem pessoas com maior tendência a desenvolver o TOC. “Quando checamos com os familiares dos pacientes, muitas vezes é possível identificar familiares de 1º grau que tenham algum tipo de transtorno de ansiedade. O fator genético, somado a alguma experiência de vida, normalmente desencadeia o transtorno” detalha.
Foi o caso de Rafael Dantas. O rapaz passou a apresentar os primeiros sintomas após uma internação de emergência em um hospital, quando tinha 10 anos. “Fiquei um bom tempo no hospital, foi uma experiência bem traumática”, afirma. Mas nem sempre existe uma explicação que dispare o gatilho desse comportamento. Alessandra de Souza, hoje com 21 anos, não sofreu nenhuma experiência negativa para justificar o TOC, diagnosticado aos 17. “Não me lembro porque comecei a sentir o que sinto. Desde criança sempre fui muito organizada, mas não acho que era um problema naquela época”, relembra.
A jovem tem uma forte obsessão com organização, especialmente com objetos pessoais. “Eu costumava arrumar meu guarda roupas várias vezes ao dia, até eu ficar satisfeita com o jeito que estava. As roupas tinham que estar separadas por cor, das claras para as escuras, e também por tamanho, da menor para a maior” comenta. Ela só começou a ver as manias como problema quando não conseguia contê-las quando estava na rua. “Depois de um tempo comecei a arrumar as coisas que me incomodavam nas ruas. Organizava a posição dos objetos na mesa dos restaurantes e bares que eu ia. Foi nessa época que decidi procurar ajuda”, explica.
Tratamento
As pessoas que sofrem com o TOC contam atualmente com grande opção no tratamento. O mais comum é o uso de medicamentos controlados, que devem ser receitados por um psiquiatra. As drogas servem para reduzir o nível de ansiedade do paciente, facilitando muito o controle das crises.
Para Alessandra de Souza, o tratamento foi fundamental na retomada de sua vida normal. “Me senti muito melhor depois que comecei a tomar os remédios. Ainda tenho alguns sintomas, mas não chegam nem perto do que eram há dois anos. Hoje levo uma vida normal”, garante aliviada.
O tratamento com remédios controlados é essencial, mas existem outros métodos que aliados a eles podem trazer um alivio ainda maior para o paciente com TOC. “Fazer terapia com um psicólogo também ajuda muito. Além disso, também é recomendada a prática de exercícios físicos, principalmente os aeróbicos, que ajudam a diminuir o nível de ansiedade. O paciente deve procurar também algum tipo de atividade que lhe traga prazer, para fugir dos pensamentos obsessivos. Os remédios são apenas para um alivio de curto prazo” explica o Dr. Fábio Caló.
Rafael Dantas fez uso dos métodos alternativos, e associou atividades esportivas com o tratamento químico e terapia. “Hoje eu me sinto livre, uma pessoa normal. Não penso 24 horas por dia no que está sujo e o que pode me contaminar. Não vou mentir: ainda existem alguns pensamentos, mas não chega nem perto do que era antes”, comemora.
Mesmo com o tratamento correto, o TOC não pode ser considerado como uma um problema facilmente curável. Mas os resultados alcançados com ajuda especializada são a possibilidade de volta a uma vida normal. Muitos se isolam do mundo quando os sintomas se agravam, achando que assim escaparão do preconceito de outras pessoas. Mas essa escolha só vem a agravar o transtorno, pois impede o convívio com outras pessoas e o confronto do pensamento compulsivo. “O tratamento faz com que a pessoa retorne a ser quem era antes, volte a viver uma vida normal. Mas mesmo com o tratamento, sempre guardarão em si um padrão de comportamento, mas em uma escala inumeramente menor” conclui o Dr. Calo.
Do Portal Uai
Fonte: Portal Pernambuco.com
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