O destino do terreno onde hoje se situam o Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, o Hospital Pediátrico Helena Moura e o Centro de Tratamento e Prevenção do Alcoolismo (CPTRA) , no bairro da Tamarineira, vai ser anunciado hoje pelo prefeito do Recife, João da Costa. Nas ruas, no Hospital da Tamarineira e até mesmo entre os secretários municipais as opiniões estão divididas. Um exemplo claro dessa indefinição foi dado por uma pesquisa que foi realizada na página da Prefeitura do Recife na internet, entre a última sexta-feira e ontem. A opinião mais escolhida foi a de abrir um parque e manter as unidades de saúde em funcionamento, com 37,41%, enquanto o shopping center amargou o último lugar, com 14%. No entanto, nenhuma das alternativas conseguiu a maioria dos votos.
O prefeito João da Costa afirmou ontem, durante uma visita às unidades de saúde, que a votação dos recifenses seria levada em conta na reunião realizada na tarde de ontem para sacramentar a decisão. “A enquete é um instrumento democrático que aponta a tendência predominante entre os cidadãos, mas não podemos esquecer que nem sempre a vontade da população é a melhor para a cidade. Precisamos decidir pensando 50 anos no futuro, porque essa é uma decisão estratégica para a cidade”, salientou. Perguntado sobre a reunião, o prefeito respondeu de forma evasiva. “Temos visões diferentes e precisamos sentar para discutir. O que constatamos nessa visita é que os serviços de saúde que funcionam aqui cumprem um serviço social importante. Por outro lado, nos deparamos com uma área de quatro hectares de mata preservada que traz grandes perspectivas”, ressaltou.
Quem recebeu e guiou o prefeito durante a visita foi a diretora geral do Hospital Ulysses Pernambucano, Benvinda Magalhães. Ela afirmou que a desativação do hospital, que tem 160 leitos e faz cerca de mil atendimentos de urgência psiquiátrica por mês, é “incabível”. “O Hospital da Tamarineira é uma retaguarda para a saúde mental de todo o Estado, já que é a única emergência 24 horas para esses pacientes. Não podemos abrir mão de um serviço como esse. Uma solução intermediária seria abrir a área verde, que não é frequentada pelos pacientes e que poderia ser usada sem atrapalhar os atendimentos e manter as unidades funcionando”, colocou. Ainda segundo ela, “todos profissionais da saúde e suas entidades de classe estão contra o projeto do shopping”.
O secretário de Saúde do Recife, Gustavo Couto, não se posicionou em relação ao futuro do terreno, dizendo apenas que a visita de ontem visava reunir mais informações sobre as unidades de saúde. “Vamos trazer os dados dessa visita e colocá-los lado a lado com todas as discussões já feitas com os ambientalistas, com os Amigos da Tamarineira, com a Santa Casa de Misericórdia e com a empresa que fez o projeto do shopping. Dessa soma vai sair a definição, levando em consideração o que for melhor para o Recife”, relatou.
BRUNO BASTOS
Folha de Pernambuco
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